quarta-feira, março 23, 2011

Concordância Nominal: É proibido... É preciso...

M. T. Piacentini

Tivemos na semana passada uma orientação ou norma gramatical no seguinte sentido: os adjetivos BOM, NECESSÁRIO, PRECISO e PROIBIDO, entre outros, em função predicativa e antepostos ao sujeito, ficam invariáveis (ou seja, no masculino singular) quando o sujeito da oração constitui-se de substantivo usado de forma indeterminada, de modo vago ou geral, portanto sem artigo definido. Temos abaixo alguns exemplos:
1) Água pura é bom para tudo.
2) Cerveja é gostoso no verão.
3) É necessário muita fé, antes de mais nada.
4) É necessário boa-vontade.
5) É proibido entrada de pessoas estranhas.
6) Proibido saída.
7) Proibido carroças na ponte das 7 às 19 h.
8) É proibido animais na enfermaria e no pátio.
9) É preciso qualidades de modelo.
10) É preciso consciência.
Desde de que haja a determinação (com o artigo definido ou pronome), a concordância é exigida, dizem os manuais de gramática. Eu diria que essa concordância é comum mas não absoluta. Vejamos o mesmo tipo de frase com o substantivo-sujeito determinado:
1) A água que bebemos é boa.
2) É gostosa essa cerveja.
3) É necessária toda a fé possível para se chegar ao céu.
4) É necessária a boa-vontade de uma santa...
5) É proibida a entrada de pessoas estranhas.
6) É proibida a saída antes do término da sessão.
7) São proibidas as carroças na ponte das 7 às 19 h.
8) São proibidos os animais sem dono na enfermaria e no pátio.
9) São precisas as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.
10) É precisa a consciência de uma criança para ser feliz.
Até o número 8 temos frases usuais, de uso corrente. Mas as construções 9 e 10 soam completamente artificiais. O que se pode concluir, então, é que no português brasileiro não se costuma flexionar o adjetivo “preciso” quando anteposto ao sujeito. Nós até flexionamos seu similar “necessário”, mas não o adjetivo “preciso”, que sempre tem uma implicação de neutralidade, como vimos na coluna anterior. Comprove-se o fato:
- É preciso as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.
- É preciso a consciência de uma criança para ser feliz.
Ou se usa o adjetivo assim no neutro, ou se faz a substituição:
- São necessárias as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.
- É necessária a consciência de uma criança para ser feliz.
Nessa esteira, perguntou uma leitora se está correta a concordância nominal na seguinte frase: “Para a implementação da lei será necessária modificação na estrutura administrativa do Estado”. Sua dúvida é se ela deveria usar “necessário”, já que o substantivo “modificação” não está antecedido de nenhum artigo (e não está – explico – porque aí se subentende “uma” modificação ou alguma /qualquer modificação).
A frase está correta, sim, pois é possível usar o neutro/masculino singular nesse caso, mas não obrigatório. Portanto as duas formas são válidas. Enfim, o que rege esse tipo de concordância é a eufonia – assunto ainda para a próxima coluna.
Sobre a autora:
Maria Tereza de Queiroz Piacentini é catarinense, professora de Inglês e Português, revisora de textos e redatora de correspondência oficial há mais de vinte anos. Em 1989 foi responsável pela revisão gramatical da Constituição do Estado de Santa Catarina e no ano seguinte publicou artigos sobre questões vernáculas em diversos jornais. Retoma agora a publicação de colunas semanais com temas atualizados, em vista da experiência adquirida e das inúmeras consultas que lhe têm feito pessoas de todo o País depois que lançou o livro Só Vírgula Método fácil em 20 lições (UFSCar, 1996, 164p.). Também teve publicados, em 1986, dez módulos da Instituição Técnica Programada ITP,Português para Redação, edição esgotada.

segunda-feira, março 21, 2011

INFORME-SE


 DESASTRE NUCLEAR NO JAPÃO

Envolverde

Por Julio Godoy, da IPS
Paris, França, 18/3/2011 – A maioria dos franceses não se preocupava se os 58 reatores nucleares do país são seguros o bastante para continuar operando vários anos mais, até que o Japão começou a ter problemas nas centrais de Fukushima. A população ignorava as provas apresentadas por ativistas que, apesar da indiferença geral, continuaram remexendo nas incomensuráveis complexidades da burocracia francesa em matéria energética para encontrar a verdade sobre a precariedade das usinas nucleares.
Após a catástrofe nuclear japonesa, até o mais estoico dos franceses começou a refletir sobre a possibilidade de seu país estar à beira do desastre. Não foram feitas pesquisas de opinião representativas, mas uma quantidade substancial de pessoas ouvidas por alguns meios de comunicação disse estar a favor de uma política menos dependente da energia atômica. A imprensa conservadora, a favor das usinas, revelou ontem que no ano passado houve mil acidentes de diferentes intensidades nos complexos atômicos do país.
Os dados oficiais constam de um informe sobre segurança nas centrais da França que será apresentado ao parlamento em abril. O documento preparado pela Agência de Segurança Nuclear deveria ser confidencial, mas se tornou público com o desastre no Japão após o terremoto e o tsunami. A França é o país europeu com mais centrais nucleares em funcionamento e o que mais depende dessa fonte de energia no mundo. Os 58 reatores geram 80% da eletricidade consumida. A densidade de sua localização é tal que ninguém consegue estar a mais de 300 quilômetros de distância de um reator.
A grande quantidade de acidentes nas centrais atômicas não é novidade para os ativistas franceses. Metade delas tem mais de 25 anos, disse à IPS o presidente do Observatório de Energia Nuclear, Stéphane Lhomme. “Metade dos reatores está perto do final de sua vida útil e sofre os problemas da idade”, afirmou. Numerosos reatores também sofrem “defeitos de projeto”, que regularmente causam anomalias técnicas, disse Stéphane. “A França esteve várias vezes à beira de um desastre nuclear nos últimos dez anos”, assegurou.
Quando o Furacão Martin atingiu a parte sudoeste da costa atlântica da França, em dezembro de 1999, a usina de Blayais, perto da cidade de Bordeaux, foi inundada pela água do mar e teve de ficar fechada vários dias. “Estivemos perto de uma catástrofe”, recordou Stéphane. Uma rachadura no sistema de esfriamento da central de Civaux, em maio de 1998, causou um grande vazamento radioativo que por várias horas ficou fora de controle. A usina ficou fechada por dez meses. Várias centrais francesas estão localizadas em áreas de atividade sísmica, disse.
“O risco de um terremoto da intensidade do registrado no Japão é baixo na França, mas nossas usinas são mais frágeis do que as dos japoneses”, ressaltou Stéphane. A central mais antiga da França, em Fessenheim, perto da fronteira com a Alemanha e a Suíça, está em “uma área de muita atividade sísmica e perto de um rio”. Apresentou numerosos problemas técnicos, a maioria em seus sistemas de resfriamento, e teve de permanecer fechada quando 50 metros cúbicos de gás radioativo vazaram para a atmosfera, acrescentou.
Não parece que a França vá diminuir sua dependência da energia nuclear no futuro próximo, apesar da amplitude de provas sobre os defeitos técnicos. “Todos os partidos políticos defendem esta fonte de energia e estão ligados, de uma forma ou outra, ao complexo industrial. A França não tem alternativa”, explicou Stéphane.
Não surpreende que o governo francês tenha tentado minimizar a dimensão da crise japonesa. A explosão em Fukushima “não foi uma catástrofe”, disse inicialmente o ministro da Energia, Eric Besson, que depois se corrigiu e afirmou que “um pesadelo havia voltado”. Acrescentou que “é legitimo um debate sobre energia nuclear na França, mas não é indispensável. Continuo acreditando em seu uso com fins civis”.
A oposição pediu um referendo sobre uso da energia nuclear. Os dirigentes do Partido Verde sugeriram eliminá-la em 25 anos. O primeiro-ministro, François Fillon, considerou “absurda” a conclusão a que chegaram jornais e ambientalistas de que “após o acidente de Fukushima, a energia nuclear está completamente condenada”. O governo anunciou que controlaria a segurança de todas as usinas em operação.
A primeira medida que a França pode tomar para reduzir sua dependência nuclear é diminuir o “descuidado consumo elétrico”, disse Stéphane. “Economizaríamos uma grande quantidade se isolássemos melhor as casas e os prédios e deixássemos de nos aquecer com eletricidade”, acrescentou. Dos lares franceses, 80% usam aquecedores elétricos. “É a consequência da conivência entre o monopólio estatal Eléctricité de France e a indústria da construção, que não instala gás nem outros sistemas de calefação nas residências”, explicou.
A França poderia abandonar a energia nuclear em 2035 se adotasse uma política baseada na eficiência energética, para reduzir o consumo desnecessário, e um programa maciço para usar fontes renováveis, especialmente as eólica e solar, segundo a négaWatt, associação de 350 especialistas.
“Em 2035 poderíamos fechar todas as usinas nucleares e dependermos apenas de geradores geotérmicos e hidrelétricos de menor escala, grandes parques com turbinas eólicas, estruturas fotovoltaicas e unidades de biomassa, e ter energia suficiente para atender as exigências elétricas do país”, disse à IPS o diretor da négaWatt, Thierry Salomon. Em 2050, a França consumiria o dobro da eletricidade que usa agora e poderia não necessitar da energia nuclear, segundo Thierry. “Não voltaríamos a usar velas nem necessitaríamos de centrais atômicas”, acrescentou. Envolverde/IPS

INFORME-SE

Discurso de Obama... Leia as entrelinhas...
Obama falou o que a plateia queria ouvir, discursando não apenas para os 2 mil presentes, mas para milhões de brasileiros

Alô, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa. Boa tarde, todo o povo brasileiro.

Desde o momento em que chegamos o povo desta nação tem gentilmente mostrado à minha família o calor e a generosidade do espírito brasileiro, obrigado. Quero agradecer a todos por estarem aqui, pois me disseram que há um jogo do Vasco ou do Botafogo... Eu sei que os brasileiros não abrem mão de seu futebol tão facilmente.

Uma das primeiras impressões que tive do Brasil veio de um filme que vi com minha mãe quando eu era muito pequeno. Um filme chamado "Orfeu negro", que se passava nas favelas durante o carnaval. E minha mãe adorava aquele filme, tinha música e dança e como pano de fundo, os lindos morros verdes. Esse filme estreou primeiramente como uma peça bem aqui, no Theatro Municipal.

Minha mãe já faleceu, mas ela jamais imaginaria que a primeira viagem de seu filho ao Brasil seria como presidente dos EUA. Ela jamais imaginaria isso. E eu jamais imaginaria que este país seria ainda mais bonito do que no filme. Vocês são, como cantor Jorge Benjor diz, “um país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”.

Vi essa beleza nas encostas dos morros, nas infindáveis milhas de areia e oceano e nas vibrantes e diversificadas multidões de brasileiros que vieram aqui hoje. E nós temos um grupo maravilhosamente misturado: cariocas, paulistas, baianos, mineiros. Temos homens e mulheres das cidades até o interior e tanta gente jovem aqui, que são o grande futuro desta grande nação.

Ontem tive um encontro com sua maravilhosa nova presidente, Dilma Rousseff, e conversamos sobre como fortalecer a parceria entre nossos governos. Mas hoje quero falar diretamente com o povo brasileiro sobre como podemos fortalecer a amizade entre nossos países. Vim aqui para compartilhar algumas ideias, pois quero falar sobre os valores que compartilhamos, as esperanças que temos em comum e a diferença que podemos fazer juntos.

Se você parar para pensar, as jornadas dos EUA e do Brasil começaram de formas parecidas. São duas terras com abundantes recursos naturais, terras natais de povos indígenas antiquíssimos. As Américas foram descobertas por homens que vieram do outro lado do oceano como um “novo mundo” e colonizadas pelos pioneiros que ampliaram os territórios rumo ao Oeste atravessando imensas fronteiras. Nos tornamos colônias dominadas por coroas distantes, mas logo declaramos nossa independência e em seguida recebemos grandes quantidades de imigrantes em nossas costas e mais tarde, depois de muita luta, limpamos a mancha da escravidão de nossas terras.

Os EUA foram a 1ª nação a reconhecer a independência do Brasil e a 1ª a estabelecer um posto diplomático neste país. O primeiro líder de um país a visitar os EUA foi Dom Pedro II. Na Segunda Guerra Mundial nossos corajosos homens e mulheres lutaram lado a lado pela liberdade. E depois da guerra, nossas duas nações lutaram para conseguir as bênçãos plenas da liberdade.

Nas ruas dos EUA, homens e mulheres marcharam e sangraram e alguns até morreram para que todos os cidadãos pudessem usufruir das mesmas liberdades e oportunidades, não importa como fosse sua aparência, não importa de onde você viesse. No Brasil vocês lutaram contra duas décadas de ditadura , lutando pelo mesmo direito de ser ouvidos, o direito de ser livres, livres do medo, livres da necessidade. E mesmo assim, durante anos, a democracia e o desenvolvimento demoraram a se estabelecer e milhões sofreram por causa disso.

Mas venho aqui hoje porque esses dias passaram. Hoje o Brasil é uma democracia desabrochando, um lugar onde as pessoas são livres para falar o que pensam e escolher seus líderes e onde um garoto pobre de Pernambuco pode sair de uma fábrica de cobre e chegar ao gabinete mais elevado no país. Na última década, o progresso feito pelo povo brasileiro inspirou o mundo.

Pois hoje metade deste país é considerado classe média. Milhões foram retirados da pobreza. Pela primeira vez a esperança está voltando a lugares onde antes prevalecia o medo. Eu vi isso hoje, quando visitei a Cidade de Deus. Não se trata apenas dos novos esforços com segurança e programas sociais. E quero dar os parabéns ao prefeito e ao governador pelo excelente trabalho que estão fazendo. Mas também é uma mudança de atitude.

Como um jovem morador disse, as pessoas não devem olhar a favela com pena, mas como uma fonte de presidentes, advogados, médicos, artistas e pessoas com soluções. A cada dia que passa, o Brasil é um país com mais soluções. Na comunidade global vocês passaram de contar com o ajuda de outros países a agora ajudar a lutar contra a pobreza e a doença onde quer que elas existam.

Vocês desempenham um papel importante nas instituições globais ao promover nossa segurança como um todo e nossa prosperidade como um todo. E vocês receberão o mundo em seu país quando a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vierem ao Rio de Janeiro. Vocês sabem que esta cidade não foi minha primeira escolha para os jogos olímpicos, mas, se os jogos não pudessem ser realizados em Chicago, não tem lugar em que eu gostaria mais de vê-los do que aqui no Rio.

Por isso pretendo voltar em 2016 para ver o que acontece. O Brasil foi durante muito tempo um país cheio de potencial, mas atrasado pela política, tanto aqui quanto no exterior. Durante muito tempo o Brasil foi o “país do futuro” e disseram para que ele esperasse pelos dias melhores que viriam em breve. Meus amigos, este dia finalmente chegou. Este não é mais o “país do futuro”, as pessoas do Brasil devem saber que o futuro já chegou e está aqui agora. É hora de tomar posse dele.
Nossos países nem sempre concordaram em tudo. E assim como ocorre com muitos nações, teremos nossas diferenças de opinião ao avançar. Mas estou aqui para lhes dizer que o povo americano não apenas reconhece o sucesso do Brasil, nós torcemos pelo sucesso do Brasil enquanto vocês confrontam os muitos desafios que ainda enfrentam em casa e no exterior, vamos ficar juntos, não são como parceiros sênior e júnior, mas como parceiros iguais, unidos pelo espírito do interesse comum e do respeito mútuo, comprometidos para com o progresso que sei que podermos fazer juntos.

Tenho certeza de que podemos fazer isso. Juntos, podemos aumentar nossa prosperidade em comum. Sendo duas das maiores economias do mundo, trabalhamos lado a lado durante a crise financeira para restaurar o crescimento e confiança. E para manter nossas economias crescendo, sabemos do que é necessário em ambas as nações. Precisamos de uma força de trabalho capacitada e é por isso empresas brasileiras e americanas assumiram um compromisso de aumentar o intercâmbio de estudantes entre nossas nações.

Precisamos de um compromisso com a inovação e a tecnologia, por isso concordamos em aumentar a cooperação entre nossos cientistas, pesquisadores e engenheiros. Precisamos de infra estrutura da mais alta qualidade e por isso as empresas americanas também querem ajudá-los a construir e preparar o a cidade para o sucesso olímpico. Numa economia globalizada, os EUA e o Brasil deveriam expandir o comércio, expandir investimentos, de modo a criar novos empregos e novas oportunidades em ambas nossas nações por isso estamos trabalhando para derrubar barreiras para fazer negócios.

Por isso estamos criando relacionamentos mais próximos entre nossos trabalhadores e nossos empreendedores. Juntos também podemos trabalhar pela segurança da energia e proteger nosso lindo planeta.

Sendo dois países comprometidos com economias mais verdes, sabemos que a solução definitiva ao desafio da energia virá da criação de fontes de energias limpas e renováveis. Por isso a metade dos carros daqui podem circular com biocombustível e a maior parte de sua eletricidade vem de hidroelétricas. E por isso também demos início a uma nova indústria limpa de energia nos EUA. Por isso os EUA e o Brasil estão criando novas parcerias na área de energia, para compartilhar, criar novos empregos e deixar para nosso filhos um mundo mais limpo e mais seguro do que encontramos.

Juntas, nossas duas nações também podem ajudar a defender a segurança de nosso cidadãos. Estamos trabalhando juntos para deter o narcotráfico que destruiu vidas demais neste hemisfério. Buscamos o objetivo de um mundo sem armas nucleares. Estamos trabalhando juntos para aumentar nossa segurança ente hemisférios. Da África ao Haiti, estamos trabalhando lado a lado para combater a fome, doença e corrupção que podem apodrecer uma sociedade e roubar seres humanos de sua dignidade e oportunidades.

Sendo dois países que foram tão enriquecidos pela herança africana, é vital que trabalhemos juntos com o continente africano para ajudá-lo a se erguer. É algo que devemos nos comprometer a fazer, juntos. Hoje também estamos dando apoio e ajuda ao povo japonês em sua maior hora de necessidade. Os laços que unem nossa nação ao Japão são fortes. O Brasil é o lar da maior população japonesa fora do Japão. Nos EUA, solidificamos uma aliança com eles que já tem mais de 60 anos.

Os japoneses são alguns de nossos amigos mais próximos e ficaremos ao lado deles, rezaremos com eles e reconstruiremos com eles até que essa crise esteja terminada. Nestes e em outros esforços para promover paz e prosperidade no mundo todo, os EUA e o Brasil são parceiros não apenas porque compartilhamos história ou por estarmos no mesmo hemisfério, não apenas por compartilharmos laços de comércio e cultura, mas também porque compartilhamos de valores e ideais duradouros.

Ambos acreditamos no poder e na promessa da democracia, acreditamos que nenhuma forma de governo é mais eficaz na promoção de crescimento e prosperidade que alcança todo ser humano, não apenas alguns, mas todos. E aqueles que discordam dizendo que a democracia atrapalha o crescimento econômico devem argumentar com o exemplo do Brasil. Com os milhões que subiram da pobreza para a classe média não o fizeram numa economia fechada controlada pelo estado, mas o fizeram como um povo livre, com mercados livres e um governo que responde a seus cidadãos.

Vocês são a prova de que justiça social e inclusão social podem ser melhor conquistadas por meio da liberdade e que a democracia é a maior parceira do progresso humano. Também acreditamos que em países tão grandes e diversos quanto os nossos, moldados por gerações de imigrantes de todas as raças, fés e culturas, a democracia dá a maior esperança de que todos os cidadãos sejam tratados com dignidade e respeito. E que podemos resolver nossas diferenças pacificamente e encontrar força em nossa diversidade.

Nós sabemos nos EUA como é importante poder trabalhar juntos, mesmo quando  discordamos. Entendo que a forma de governo que escolhemos pode ser lenta e confusa. Entendemos que a democracia precisa ser fortalecida e aperfeiçoada com o tempo. Sabemos que diferentes países escolhem caminhos diferentes para atingir a promessa da democracia. E entendemos que nenhum país deve impor sua vontade sobre outro.
Mas também sabemos que existem certas aspirações compartilhadas por todo ser humano. Todos queremos ser livres, queremos ser ouvidos, todos ansiamos por viver sem medo ou discriminação. Todos queremos escolher como seremos governados. Todos querem moldar seu próprio destino. Esses não são ideais americanos ou ideais brasileiros, não são ideais ocidentais, são direitos universais. E devemos apoiá-los em toda parte. Hoje estamos vendo a luta por esses direitos acontecendo no Oriente Médio e no Norte da África.

Vimos uma revolução nascer de um anseio por dignidade humana básica na Tunísia e vimos manifestantes pacíficos, homens e mulheres, jovens e velhos, cristão e muçulmanos, ocupando  praça Tahir e vimos o povo da Líbia se defendendo corajosamente contra um regime determinado a tratar com brutalidade seus próprios cidadãos. Em toda parte vimos jovens se erguendo. Uma nova geração exigindo o direito de determinar seu próprio futuro.

Desde o início deixamos claro que a mudança que buscam devem ser impulsionadas pelo seu próprio povo. Mas para nossos dois países, para os EUA e para o Brasil – duas nações que passaram muitas gerações lutando para aperfeiçoar suas próprias democracias – os EUA e o Brasil sabem que o futuro de nosso mundo era determinado pelo seu povo. Ninguém pode dizer ao certo como essa mudança terminará. Mas eu sei que mudança não é algo que devemos temer.

Quando os jovens insistem que as correntes da História estão se movendo, a carga do passado pode ser apagada. Quando homens e mulheres exigem pacificamente seus direitos humanos  nossa humanidade em comum é acentuada. Onde quer que a luz da liberdade seja acesa, o mundo se torna um mais luminoso.

Esse é o exemplo do Brasil. Esse é o exemplo do Brasil. Brasil, um país que prova que uma ditadura pode se tornar uma próspera democracia. Brasil, um país que mostra que a democracia entrega liberdade e oportunidade a seu povo. Brasil, um país que mostra que um grito por mudanças vindo das ruas pode mudar uma cidade, mudar um país, mudar o mundo. Há décadas, foi aqui fora, na praça da Cinelândia, o grito por mudança foi ouvido aqui, estudantes e artistas e políticos de todas as correntes ergueram faixas que diziam “abaixo a ditadura”, as pessoas no poder.

Suas aspirações democráticas não seriam realizadas ainda por muito tempo. Mas um dos jovens brasileiros envolvidos naquele movimento iria mudar para sempre a história deste país. A filha de um imigrante. Sua participação no movimento fez com que fosse presa e torturada por seu próprio governo. Ela sabe o que é viver sem seus direitos mais básicos pelos quais tantos lutam hoje. Mas ela também sabe o que é perseverar. Ela sabe o que é triunfar. Porque hoje é ela é a presidente de seu país, Dilma Rousseff.

Nossos dois países enfrentam muitos desafios. Na estrada à nossa frente, com certeza encontraremos muitos obstáculos. Mas no fim, é nossa história que nos dá esperança para um amanhã melhor. É o conhecimento de que os homens e mulheres que vieram antes de nós superaram desafios maiores que estes e que vivemos em lugares em que pessoas comuns fizeram coisas extraordinárias.

Esse senso de possibilidade e de otimismo que primeiro atraiu pioneiros a este mundo. E isso une nossas nações como parceiros nesse novo século. por isso acreditamos nas palavras de Paulo Coelho, um de seus mais famosos escritores, que "com a força de nosso amor e nossa vontade podemos mudar nosso destino. E também o destino de muitos outros”.

Muito obrigado. E que Deus abençoe nossas duas nações.



Disponível em http://www.salvadordiario.com/noticias/politicaeeconomia/obama+fala+aos+brasileiros+em+discurso+no+theatro+municipal/0019,0013221,index.html

terça-feira, março 08, 2011

INFORME-SE


Aumenta a influência do Brasil no mundo, mostra estudo


INFORME-SE

Exaustão profissional
      Por Riad Younes    
          Trabalhar demais pode matar. Ou pelo menos, causar alterações no funcionamento normal do corpo a ponto de atingir a exaustão. Síndrome cada vez mais comum nos tempos modernos atinge mais de 10% dos profissionais no mundo desenvolvido, segundo estimativas. Os sintomas variam muito, desde leves sinais de ansiedade no trabalho, até a exaustão extrema e a imobilidade. Os distúrbios descritos resultam de mudanças significativas no funcionamento do metabolismo, associadas a desequilíbrio hormonal. Um dos hormônios mais ligados ao estresse é o cortisol, a “cortisona” natural do corpo humano.
          Esse hormônio é produzido por glândulas localizadas em cima dos rins, uma de cada lado. Quando levamos um susto, ou nos sentimos ameaçados ou estressados, essas glândulas secretam na corrente sanguínea altas doses de cortisol. Entre outras funções, prepara o corpo para a luta e fornece altas concentrações da fonte imediata de energia para os músculos, a glicose. Também ajuda a regular nosso metabolismo básico e nosso ritmo diário.
          Cientistas demonstraram, anos atrás, que a concentração de cortisol no sangue aumenta drasticamente sob situações de estresse agudo. Por outro lado, em pessoas com estresse contínuo, elevado e crônico, as concentrações de cortisol baixam a níveis assustadoramente reduzidos. É a exaustão do sistema hormonal do estresse. Pesquisadores do Centro de Estudos do Estresse, da Universidade de Montreal, no Canadá, avaliaram a possibilidade de se utilizar testes simples para detectar o estado de estresse crônico e exaustão. Avaliaram, em estudo inicial, 30 voluntários quanto à concentração de diversos hormônios, incluindo a insulina e o cortisol. Correlacionaram a concentração medida no sangue e na saliva, com o nível de estresse crônico e de trabalho intensivo.
          Os pesquisadores demonstraram que existe um paralelo entre a baixa concentração de cortisol e a exaustão. Quando foram observar o modo como pessoas com sintomas semelhantes eram rotineiramente tratados pelos médicos, descobriram que a maioria recebia medicamentos antidepressivos. Paradoxalmente, essa classe de remédios caracteristicamente reduz os níveis de cortisol.
          Os cientistas sugerem ainda que novos estudos tentem determinar critérios laboratoriais claros que separem pacientes com depressão, daqueles com estresse crônico e exaustão profissional. O diagnóstico preciso pode ser muito difícil. Afinal, apesar dos sintomas serem muito semelhantes, os tratamentos são bem diferentes. E por vezes antagônicos.

Enganando o câncer
          O tratamento de pacientes com câncer tem mudado de forma tão profunda, nos anos recentes, que os cientistas apresentam modos diversos de combatê-lo, e muitas vezes geniais. A mais recente descoberta de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Wayne, liderados por K. Rosner, é um desses exemplos. Basicamente, eles construíram uma molécula que se assemelha a uma enzima natural, proteína presente nas células, mas sutilmente modificada para enganar as células cancerosas. Elas começam a se suicidar. Escolheram, como modelo, um dos cânceres mais agressivos e mais resistentes a tratamentos quimioterápicos do corpo humano: o melanoma.
          Os pesquisadores modificaram geneticamente a enzima DNAse1. Essa proteína é um potente destruidor do código genético celular. Quando introduzida na célula tumoral, essa enzima modificada resiste à destruição natural, e continua agindo dentro do núcleo da célula, levando progressivamente à digestão e à fragmentação do DNA. Os cientistas esperam, ao enganar as células tumorais e induzi-las a produzir essa enzima letal, simplesmente sentar e esperar que o tumor se suicide. Lentamente. Sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia. Genial.