sexta-feira, maio 24, 2013

Exercícios extras - 9º ano - Orações Coordenadas (Depois posto o gabarito)

Colégio Anglo de Raul Soares
BATERIA DE EXERCÍCIOS – 9° ANO
LÍNGUA PORTUGUESA – Gladston Augusto

Aluno: ..............................................................................................

1. Sublinhe os verbos e classifique os períodos em simples ou compostos.
a) Amanheceu. Vimos os primeiro raios solares enquanto caminhávamos na areia. A brisa do mar ainda era fria quando acordamos do sonho.
b) Lenon casou-se pela segunda vez. Ela era japonesa, inteligente, artista plástica e vivia nos Estados Unidos.


2. Transforme os períodos simples em períodos compostos acrescentando as conjunções adequadas.
Modelo: O marceneiro chegou. Começou o serviço.
               O marceneiro chegou e começou o serviço.
a) Vinicius de Moraes já morreu. Não morreram seus poemas e músicas. Sua criação artística é eterna.
b) Faltava dinheiro para o lazer. O jeito era participar da pelada aos domingos.
c) Observei o comentário do diretor. Percebi o meu engano.
d) Olhou-me duramente. Foi-se embora.



3. Sublinhe os verbos, identifique as conjunções, separe as orações e classifique-as em coordenadas assindéticas e coordenadas sindéticas.
Modelo:
a) As autoridades pedem rigor e exigem a fiscalização dos maus comerciantes.
b) A personagem saiu do quarto, escondeu as lágrimas. Saiu pela porta dos fundos.
c) Não beba muito que faz mal.
d) A paciência do pedestre esgotou-se e começou a confusão.
e) Ela sorriu carinhosamente e passou a mão nos cabelos do neto.


4. Separe e classifique as orações dos períodos abaixo.
Modelo: Eu considerava a história boa, mas não poderia avaliá-la melhor, pois me faltava tempo.
1ª oração: Eu considerava a história boa – oração coordenada assindética
2ª oração: mas não poderia avaliá-la melhor – oração coordenada sindética adversativa
3ª oração: pois me faltava tempo. – oração coordenada sindética explicativa período composto por coordenação
a) Um número cada vez maior de animais de estimação contrai câncer e poucos veterinários oferecem tratamento para a doença.
b) A fumaça do cigarro faz mal, também, às pessoas não-fumantes e prejudica a saúde dos animais domésticos.
c) A Constituição brasileira assegura direitos iguais a todos os cidadãos, entretanto isso não ocorre de fato: ora as mulheres recebem salários inferiores aos dos homens, ora os negros são inferiorizados.
d) O velho ônibus esperava o embarque dos alunos, a maioria chegou atrasada, logo, o motorista irritou-se.
e) As revistas semanais contavam a história do jovem assaltante, mas não denunciavam a sua ligação com os policiais.
f) Houve medidas econômicas muito radicais, por conseguinte não agradam à população.
g) Trabalhou muito, portanto estava cansado.

10. Classifique as orações coordenadas sindéticas em destaque, numerando-as de 1 a 5, de acordo com a tabela abaixo:
( 1 ) aditivas ( 2 ) adversativas ( 3 ) alternativas
( 4 ) conclusivas ( 5 ) explicativas
(    ) Ou galopa ou sai da estrada. (Refrão gaúcho)
(    ) "A civilização não se mede pelo aperfeiçoamento material, mas sim pela elevação moral.” (Eduardo Prado)
(    ) Os operários protestam, reclamam e exigem explicações.
(    ) Decerto choveu nas cabeceiras do rio, porque o caudal avolumou-se muito, hoje.
(    ) Os argumentos sobre os malefícios da poluição não os abalam nem comovem.
(    ) O homem depende do solo e da flora; deve, pois, preservá-Ios.
(    ) "O navio deve estar mesmo afundando, pois os ratos já começaram a abandoná-Io." (ÉRICO Veríssimo)
(    ) Seremos vencedores ou iremos provar o amargor da derrota?
(    ) O rio ora se estreitava, ora se alargava caprichosamente.
(    ) Mônica não era uma beldade, contudo impunha-se pela sua simpatia.
(    ) Astrônomos já tentaram estabelecer contato com seres extraterrestres; suas tentativas, porém, resultaram infrutíferas.
11. Divida e classifique as orações coordenadas:
a) "Ele falava, contava tudo." (Olavo Bilac)
b) Ou o governo gasta menos ou acabará dando com os burros n'água.
c) "As grandes árvores nem se mexem, pois não dão confiança a essa brisa, mas as plantinhas miúdas ficam felizes," (Aníbal Machado)
d) "O major Camilo não ata nem desata." (Ricardo Ramos)
e) A punição foi justa, portanto não se queixe.
f) "Abram-me estas portas, que eu a trarei!" (Camilo Castelo Branco)
g) Não tinha experiência, mas boa vontade não lhe faltava.
h) "Um cachorro talvez rosnasse ou mordesse." (Adonias Filho)
i) A árvore provavelmente estava meio podre, pois o vento a derrubou.


12. Divida e classifique as orações coordenadas destes períodos:
a) A mulher tentou passar, porém sua passagem foi barrada.
b) A ordem era absurda, entretanto ninguém protestou.
c) As folhas, no inverno, amarelecem e caem, ou ficam inativas.
d) Netuno é deus do mar, mas Baco tem afogado mais gente. (Provérbio grego)
e) Não te queixes, que há outros mais infelizes.
f) "O dia é belo, esplende ao sol a baía, os aviões rumorejam, passam mulheres perfumadas." (Aníbal Machado)
g) Os verdadeiros mestres não só ensinam, mas também educam.
h) O acusado não é criminoso; logo, será absolvido.
i) "Ora se esconde, ora ressurge, ora se inclina." (Olegário Mariano)
j) Ela é rica, poderia exibir roupas finas, no entanto veste-se com simplicidade.
k) "A atmosfera oleosa não arejava o peito, antes sufocava." (Autran Dourado)

l) O Sol não somente ilumina a Terra, mas ainda lhe dá calor e vida.

quarta-feira, abril 17, 2013

Assunto Importante: Na temática "Índio na sociedade brasileira"


http://www.carosamigos.com.br/index/index.php/cotidiano/3166-guarani-kaiowa-demarcacao-inconclusa-provoca-invasao-e-morte-no-ms

COTIDIANO

Guarani-kaiowá: Demarcação inconclusa provoca invasão e morte no MS


Por Ruy Sposati
Do Cimi
Um cabo reformado da Polícia Militar (PM) invadiu a cavalo a aldeia Ita'y, na Terra Indígena Lagoa Rica/Panambi, município de Douradina, Mato Grosso do Sul, na última sexta-feira, 12. Armado com revólver e facão, Arnaldo Alves Ferreira efetuou seis disparos contra os guarani kaiowá, acertando o indígena João da Silva na orelha. O PM possuía um terreno dentro da área identificada como terra indígena, a cerca de 300 metros da aldeia.
Os indígenas já haviam registrado Boletim de Ocorrência denunciando Arnaldo às autoridades, em função de outra violência praticada por ele contra a comunidade dois dias antes.
Revólver e Facão
Segundo relato dos indígenas, Arnaldo invadiu a aldeia montado em um cavalo e munido de revólver e facão, cerca de meio dia e meia da sexta-feira, 12. "Ele foi na casa de um idoso e disse pra ele: 'você vai morrer', na frente da filha e da esposa", relata um indígena da aldeia que prefere não ser identificado. "Depois ele virou pra esposa e disse: 'a senhora vai ficar viúva hoje'".
Mais:
Durante o ataque, integrantes da comunidade indígena conseguiram desarmar o militar reformado, defendendo-se dos disparos. Arnaldo foi mantido seguro pela comunidade, que informou a ocorrência à polícia local. O PM e o indígena ferido foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados. Arnaldo morreu ainda na ambulância; o kaiowá ferido foi preso pela polícia, acusado de homicídio em flagrante.
B.O.
"Faz muitos anos que nós temos problemas com ele. Ele não gosta da gente. Deixava o cavalo comer na nossa roça, soltava o gado na aldeia. Já matou a tiro um monte de cachorros nossos e até bateu em gente da comunidade", relata um indígena de Ita'y.
Nas últimas semanas, Arnaldo havia resolvido cercar sua propriedade com cercas elétricas. "O problema é que a cerca fica bem na estrada que nós dois [indígenas e o PM] usamos e também no lugar onde as crianças esperam o ônibus escolar", relata o kaiowá. A comunidade pediu ao cabo reformado que deixasse de utilizar a cerca elétrica. A exigência não foi aceita, e os indígenas teriam então, por duas vezes, desativado a cerca.
Agressão
Na madrugada de terça para quarta-feira, Arnaldo esteve na aldeia. "Ele veio por causa da cerca. Ele entrou na casa de um homem gritando e bateu nele com o cabo do facão", explica. O indígena que sofreu violência registrou boletim de ocorrência e realizou exame de corpo de delito, cujo resultado deverá ficar pronto na segunda-feira, 15.
Os kaiowá de Ita'y já temiam um ataque do policial. "Nós fizemos B.O. na polícia e avisamos Funai, MPF, Força Nacional que existia esse problema e estávamos com medo de acontecer algo. E aconteceu", lamenta.
Questão da Terra
"A forma como a imprensa local está contando a história e como os ruralistas a estão utilizando é absolutamente manipulada, e consequentemente criminosa", afirma o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Mato Grosso do Sul, Flávio V. Machado. "O policial não morreu 'em sua propriedade', espancado, torturado ou a flechadas, conforme disseram os jornais locais e notas de entidades do agronegócio. Ele morreu invadindo novamente uma aldeia indígena, ameaçando a vida dos moradores e atirando contra eles", conta.
Para Flávio, a responsabilidade da morte do PM é do governo federal. "Esta situação está diretamente ligada à morosidade do Estado em completar o processo de demarcação das terras kaiowá e guarani em Mato Grosso do Sul", argumenta. "Os indígenas agiram em legítima defesa, uma vez que foram atacados de maneira covarde por um homem violento e preconceituoso. Isto está registrado". Além do Boletim de Ocorrência notas técnicas do Ministério Público Federal também registram as denúncias feita pela comunidade indígena sobre as ameaças sofridas por parte PM. "Na ocasião tanto a polícia, quanto a promotoria de Dourados foram acionados para apurar a denúncias”, relembra Flávio.
Manipulação da Mídia
O coordenador do Cimi crítica a manipulação dos fatos, que está sendo usada pelos ruralistas em favor de suas pautas. "Os ruralistas estão usando do fato para responsabilizar o governo federal pelo caso, acusando-o de fomentar a violência ao demarcar as terras indígenas, e com isso tentando acelerar a aprovação de suas pautas, como é o caso da PEC 215 ou o julgamento dos embargos declaratórios envolvendo as dezenove condicionantes do caso de Raposa Serra do Sol. Ora, é justamente o contrário! A responsabilidade é sim do governo federal, mas justamente porque ele não está cumprindo com sua obrigação constitucional e demarcando, de uma vez por todas, as terras tradicionalmente ocupadas pelos guarani e kaiowá. E é inaceitável que, mais uma vez, queiram que os guarani e kaiowá paguem mais essa conta”, conclui.
Com a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) na década de 40, os indígenas daquela área foram removidos de seus territórios tradicionalmente ocupados e colocados na Reserva Indígena de Dourados.
Em 2005, o movimento de reivindicação do território de Lagoa Rica se intensificou, levando ao início da identificação da área, em 2008, e também à retomada de dois Tekoha (territórios tradicionais): Guirakambi'y e Ita'y, onde ocorreu o ataque. Em dezembro de 2011, foi publicado pela Funai o relatório antropológico que identificou 12,1 mil hectares do território tradicional como Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. A terra do PM reformado fica dentro da área identificada.
Reintegração
A Justiça Federal concedeu liminar de reintegração de posse para o fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, assassino confesso do guarani-kaiowá de 15 anos, Denilson Barbosa. Orlandino é proprietário de uma fazenda que incide sobre o território tradicional Pindo Roky, próximo à reserva indígena de Tey'ikue, no município de Caarapó, no Mato Grosso do Sul.
Segundo a decisão, os indígenas tem dez dias para deixar o local, a partir da publicação da liminar. Se não deixam a área, uma multa de 10 mil reais diários deverá ser paga pela comunidade, e 100 mil reais pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A juíza acrescenta mais 20% de multa sobre o valor da causa, a ser pago pelos servidores do órgão indigenista em Dourados, "cientes de que a responsabilidade pelo pagamento desta multa é pessoal", conforme decisão. A Funai entrará com recurso contra a decisão.
Retirada do Corpo
Ainda, a juíza exige que a Funai "proceda à exumação e traslado do corpo do jovem indígena sepultado na fazenda", enterrando o corpo de Denilson no cemitério de Tey'ikue, "segundo as regras sanitárias vigentes".

O território estava totalmente invadido pela fazenda, até que a morte de Denilson desencadeou um processo de retomada da área. A família sepultou Denilson no local do assassinato e desde 18 de janeiro, cerca de 500 indígenas estão acampados no local, e reivindicam a área conhecida pelos Kaiowá como Tekoha - "o lugar onde se é" - Pindo Roky.
Resistência

Por temerem outros assassinatos e a perseguição direta contra lideranças, um grupo de Kaiowá é quem responde publicamente sobre os assuntos da retomada, sob o nome de Comissão do Acampamento do Tekoha Pindo Roky.

"A gente não vai sair. Só se sair morto, já tá decidido", afirma uma das lideranças da comissão. "Tem pessoas de 80 anos, 70 anos que tá no Tekoha e já tá tudo decidido. Hoje tem 500 pessoas e uns 80 barracos e vai vir mais gente pra ajudar a resistir. Pode vir Tropa de Choque, Polícia Federal, quartel, tudo o que mandarem. A gente só sai morto".

Justiça Federal

Depois da ocupação dos indígenas, o fazendeiro entrou com pedido de reintegração de posse na Justiça estadual, que se declarou incompetente para julgar o caso por se tratar de conflitos fundiários envolvendo indígenas. O juiz estadual remeteu então o processo à Justiça Federal. A juíza da 1a. Vara Federal de Dourados, Raquel Domingues do Amaral, expediu liminar favorável ao proprietário rural na última quinta-feira, 11.

"Tudo isso se trata de uma questão só, que é a questão da terra", expõe o indígena. "Essa terra onde nós estamos, nós sabemos que é nossa, dos nossos antepassados, dos avós, tataravós. Ela já tava no estudo antropológico. [Retomar a terra] agora é um segundo passo já. Nós resistimos faz 513 anos. Não é agora que vamos arredar o pé", conclui.

O que é IDH? Índice de Desenvolvimento Humano ...

Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/03/14/interna_politica,357125/brasil-mantem-85-posicao-no-ranking-do-idh-mas-governo-contesta-dados.shtml


Brasil avança pouco em índice de IDH; governo contesta dadosOs ministro Aloizio Mercadante, da Educação, e Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, disseram que os dados considerados pelo Pnud estão desatualizados e prejudicaram o país

Publicação: 14/03/2013 16:58 Atualização: 14/03/2013 17:24
O Brasil manteve o 85º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme relatório apresentado nesta quinta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com o levantamento, que leva em conta os dados do ano de 2012, o país alcançou índice de 0,730 - em uma escala que vai de 0 a 1 -, permanecendo entre o grupo de considerado de Desenvolvimento Humanos Alto. Apesar da estagnação refletida no ranking, integrantes do PNUD capricharam nos elogios feitos ao desempenho do País nas últimas décadas. "O País mudou o padrão histórico em muito pouco tempo e é reconhecido por isso", afirmou o coordenador residente do sistema ONU no Brasil, Jorge Chediek. Se considerados os dados desde 1990, o Brasil apresentou crescimento de 24%, ficando entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no índice. 

Contudo, insatisfeito com o resultado do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o governo apressou-se para contestar os dados e questionar o levantamento."Alguns países podem não ter dados atualizados, mas nós temos. (O Pnud) Sistematicamente, usa dados que nós não reconhecemos, dados defasados", criticou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. "Os dados brasileiros estão incorretos, a avaliação é injusta com o Brasil”. 

O IDH é calculado com base em indicadores de renda, educação e longevidade, ou seja, saúde. Os dados revisados para 2011 atribuem ao Brasil o índice 0,728. A Noruega, primeira colocada no ranking, chegou a 0,955. O PNUD reconheceu que utiliza em seu trabalho dados menos atualizados que os do governo brasileiro - motivo de críticas oficiais no passado. Se os dados mais recentes tivessem sido utilizados, o IDH seria mais alto: 0,754.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também criticou o levantamento: "Se distribuímos renda, se reduzimos a população em extrema pobreza, se temos uma grande mobilidade social, por que o indicador do IDH não reflete tudo que fizemos?". O Brasil manteve o 85.º lugar na lista do Índice de Desenvolvimento. A média obtida foi de 0,730 de uma escala que vai de 0 a 1. Com essa nota, o País permanece no grupo de "desenvolvimento humano alto".

Para os autores do relatório, o que explica a performance superior de alguns países nas últimas duas décadas são fatores como "Estado desenvolvimentista proativo, aproveitamento dos mercados mundiais e inovações em políticas sociais".

Educação e saúde

O desempenho na área social foi o principal impulsionador dos avanços do Brasil: o País teve melhoras mais significativas na educação e na saúde que na renda média de sua população.

De 1990 a 2012, entre os 15 países que mais reduziram seu "déficit de IDH" (distância em relação à pontuação máxima), estão Brasil, Argélia e México, "apesar de sua renda per capita ter crescido, em média, apenas entre 1% e 2% ao ano".
O desempenho econômico não tão forte desses países foi compensado, de acordo com o relatório, pela "primazia nos investimentos estatais (...) em saúde, educação e nutrição".

No caso da educação no Brasil, os pesquisadores detectaram uma melhora "espetacular". Citaram o fato de o País ter apresentado, entre 2000 e 2009, o terceiro maior "salto" de pontuação em matemática nos testes do Pisa, programa internacional de avaliação do desempenho de estudantes. Como deflagrador desse avanço, o relatório cita a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), em 1996, que estabeleceu um piso nacional de gastos por aluno e ampliou os investimentos em ensino nas regiões mais pobres do País.
O Brasil também ganhou elogios por ter reduzido a desigualdade entre seus cidadãos, graças "à criação de um programa de redução da pobreza, à extensão da educação e ao aumento do salário mínimo".

O relatório destaca o fato de o Bolsa Família - "versão otimizada do Bolsa Escola", programa criado em 2001 - ter alcançado mais de 97% de sua população-alvo em 2009. Como resultado, além da redução da pobreza, observou-se um fenômeno de "empoderamento das mulheres", já que elas têm prioridade no recebimento dos cartões magnéticos para a retirada do benefício.

ASSUNTO IMPORTANTE: Dentro da temática LIXO URBANO


Por Reinaldo Canto

Meio Ambiente

A política nacional de resíduos sólidos

Prefeitos de todo o Brasil, fiquem atentos ao que prevê a Lei Nacional de Resíduos Sólidos.

Até agosto de 2014 os cerca de 2.810 municípios brasileiros, mais da metade do país, que não tratam adequadamente os seus resíduos terão obrigatoriamente de mudar essa triste realidade de consequências nefastas por meio de contaminação do solo, da água, além de contribuir com a disseminação de doenças. Enfim, prejuízos diversos à qualidade de vida das pessoas e ao meio ambiente.
Foto: Wilson Dias/ABr
Foto: Wilson Dias/ABr
Estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – divulgado pelo Estadão (edição de 27 de março) constatou a existência de 2.906 lixões ainda em funcionamento Brasil afora. O problema mais grave foi encontrado em pequenos municípios nordestinos, mas de modo geral afeta todas as regiões do país.
Sem dúvida, é preciso uma ação enérgica dos administradores públicos e também muito dinheiro, pois segundo a Confederação Nacional dos Municípios, serão necessários investimentos de ao menos 70 bilhões de reais para dar conta da tarefa de transformar lixões em aterros sanitários (locais adequados para o correto descarte de resíduos).  Mas trabalhar com a máxima de “deixar como está para ver como fica”, talvez não seja o melhor caminho a ser trilhado pelos prefeitos.
Ministério Público na cola
E o que está ruim pode ficar ainda pior para os gestores públicos que dão de ombros para o problema. A Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público anunciou que dará prioridade ao tema e irá orientar seus promotores a vistoriar o cumprimento da lei nas cidades em que atuam. (Estadão, 27/03)
É bom lembrar que a ameaça pode servir como alerta, mas nada diferente do que já prevê a lei. As prefeituras que simplesmente não acabarem com seus lixões e não implantarem a coleta seletiva (outro grande desafio para as cidades brasileiras), nos prazos determinados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, estarão sujeitas a processos por improbidade administrativa.
E antes que os do contra afirmem terem os prefeitos outras prioridades, basta dizer que nas cidades de porte médio, a gestão do lixo, ou melhor, a gestão dos resíduos, representa o terceiro item de despesas do município. E, nas pequenas, as que possuem menos de 50 mil habitantes, é o primeiro item de gastos no orçamento, segundo informou Samyra Crespo, secretária da Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
Plano de Gestão de Resíduos
A lei também previa a entrega, por todos os municípios do país, de seus planos de gestão de resíduos, em agosto de 2012.  Segundo o Ministério do Meio Ambiente havia registrado na época, por volta de 560 municípios, ou 10% do total das cidades brasileiras, concluíram e entregaram esses planos. Os municípios que perderam o prazo não terão direito a receber recursos federais e renovar novos contratos com a esfera federal para o setor. Mesmo aqueles municípios que entregaram seus planos no prazo tiveram, em diversos casos, a devolução do projeto por falta de consistência.
A baixa adesão das cidades pode parecer simples descaso, mas conforme pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) com cerca de 400 municípios, o problema se deve muito à falta de pessoal qualificado para atender aos requisitos previstos na lei. Afinal, para quem achava que para cuidar do lixo bastava um terreno grande para o seu envio e descarte, a lei veio para colocar ordem e mudar um cenário cada vez mais criminoso e urgente.  O lançamento indiscriminado de materiais perigosos e contaminantes sem cuidado ou tratamento compromete o futuro e a saúde das pessoas, entre os seus principais e nefastos resultados.
O problema dos lixões nas cidades brasileiras é apenas um exemplo de inúmeras situações de insustentabilidade que sempre foram tratadas como questões secundárias ou mesmo sem importância.
É preciso que se entenda de uma vez por todas, que a discussão sobre sustentabilidade há muito tempo deixou a seara puramente ambiental e até mesmo romântica em relação à preservação da natureza.
Sustentabilidade hoje deve ser debatida não como uma alternativa possível ou não de ser implementada, mas apenas o como podem e devem ser introduzidos seus conceitos em todas as instâncias da vida, seja ela pública ou privada.
Gestão de resíduos, mobilidade urbana, saúde pública, preservação ambiental, consumismo são alguns entre tantos temas que dependem de ações concretas para a construção de um futuro mais justo, equilibrado e sustentável.  A demora em agir, como no caso descrito nessas linhas, resultarão em punições para alguns e, o que é pior, grande sofrimento para os mais necessitados. Como sempre a famosa corda vai arrebentar do lado mais fraco.

terça-feira, abril 09, 2013

Aos alunos 9º ano - Informações sobre a Rosa do Povo



Para baixar outra análise d'A Rosa do Povo, clique abaixo:
http://www.4shared.com/office/I9WzhuTn/Resumo_e_anlise_-_A_Rosa_do_Po.html


ATENÇÃO:    Leia todo o material a seguir.

Publicado em 1945, Rosa do Povo é aclamado por inúmeros setores da crítica literária como a melhor obra de Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta da Literatura Brasileira e um dos três mais importantes de toda a Língua Portuguesa. Antes que se comece a visão sobre esse livro, necessária se faz, no entanto, uma recapitulação das características marcantes do estilo do grande escritor mineiro.
Desde o seu batismo de fogo em 1928, com a publicação do célebre "No Meio do Caminho", na Revista de Antropofagia, Drummond ficou conhecido como "o poeta da pedra". Ao invés de se sentir ofendido com tal apelido, de origem pejorativa, acaba assumindo-o, transformando-o em um dos símbolos de seu fazer literário.
De fato, obedecendo a um quê de Mallarmé em sua ascendência (principalmente no que se refere à idéia de poesia como algo ligado à mineral), a dureza e até a frieza da pedra marcam a poesia drummondiana, pois ela é dotada não de uma insensibilidade, mas de uma afetividade contida. 

Torna-se, portanto, um dos pilares da poesia moderna (junto de Bandeira e João Cabral), afastando do lugar nobre de nossa literatura o melodrama, a emoção desbragada, descontrolada e descabelada que por muito tempo imperaram por aqui.

Dessa forma, vai sempre se mostrar um eu-lírico discreto ao sentir o seu círculo e o seu mundo até mesmo quando vaza críticas, muitas vezes feitas sob a perspectiva da ironia. Aliás, essa figura de linguagem é muito comum na estética do autor, pois pode ser entendida como uma forma torta de dizer as coisas. Não se deve esquecer que essa qualidade nos remete ao célebre adjetivo gauche (termo francês que significa torto, sem jeito, desajeitado), poderoso determinante da produção do autor.
Tal caráter está não só na linguagem (que muitas vezes não tem os elementos considerados óbvios para a poesia), mas também pode ser encontrado na maneira deslocada como se relaciona com o seu mundo, o que pode ser justificado pela sua origem, pois é um homem de herança rural, filho de fazendeiros, que acaba se encontrando no ambiente urbano (essa mudança de plano é uma característica encontrada em vários escritores modernistas, o que possibilita afirmar que Drummond, se não é o símbolo de sua geração, é o representante do próprio Brasil, que estava se tornando urbano, mas que carregava ainda uma forte herança rural.).
No entanto, ao invés de esse seu sem jeito tornar-se elemento pejorativo, acaba por dar-lhe uma potência fenomenal na análise social e existencial. Posto à margem do sistema, consegue ter uma visão mais clara e menos comprometida pela alienação dos que se preocupam em cumprir seus compromissos rotineiros. Eis o grande feito de Rosa do Povo.

Para a compreensão dessa obra, bastante útil é lembrar a data de sua publicação: 1945. Trata-se de uma época marcada por crises fenomenais, como a Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente ao Brasil, a Ditadura Vargas. Drummond mostra-se uma antena poderosíssima que capta o sentimento, as dores, a agonia de seu tempo. 

Basta ler o emblemático "A Flor e a Náusea", uma das jóias mais preciosas da presente obra.


A FLOR E A NÁUSEA

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
E soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, 
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



Análise

Nota-se no poema um eu-lírico mergulhado num mundo sufocante, em que tudo é igualado a mercadoria, tudo é tratado como matéria de consumo. Em meio a essa angústia, a existência corre o risco de se mostrar inútil, insignificante, o que justificaria a náusea, o mal-estar. Tudo se torna baixo, vil, marcado por "fezes, maus poemas, alucinações".

No entanto, em meio a essa clausura sócio-existencial (que pode ser representada pela imagem, na terceira estrofe, do muro), o poeta vislumbra uma saída. Não se trata de idealismo ou mesmo de alienação - o poeta já deu sinais claros no texto de que não é capaz disso. Ou seja, não está imaginando, fantasiando uma mudança - ela de fato está para ocorrer, tanto que já é vislumbrada na última estrofe, com o anúncio de nuvens avolumando-se e das galinhas em pânico. É o nascimento da rosa, símbolo do desabrochar de um mundo novo, o que mantém o poeta vivo em meio a tanto desencanto.
Dois pontos ainda merecem ser observados no presente poema. O primeiro é o fato de que ele, além de ser o resumo das grandes temáticas da obra, acaba por explicar o seu título. Basta notar que, conforme dito no parágrafo anterior, a rosa indica o desabrochar de uma nova realidade, tão esperada pelo poeta.
E a expressão "do povo" pode estar ligada a uma tendência esquerdista, socialista, muito presente em vários momentos do livro e anunciadas pela crítica ao universo capitalista na primeira ("Melancolias, mercadorias espreitam-me.") e terceira estrofes ("Sob a pele das palavras há cifras e códigos."). O novo mundo, portanto, teria características socialistas.
O outro item é visto pelo estreito relacionamento que "A Flor e a Náusea" estabelece com o poema a seguir, "Áporo", um dos mais estudados, densos, complexos e enigmáticos da Literatura Brasileira.


ÁPORO

Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.




Note que a narrativa parece ser tirada de "A Flor e a Náusea": um inseto, o áporo, cava a terra sem achar saída. Assemelha-se ao eu-lírico do outro poema, que se via diante de um muro e da inutilidade do discurso. No entanto, Drummond continua discursando, vivendo, assim como o inseto continua cavando. Então, do impossível surge a transformação: do asfalto surge a flor, da terra-labirinto-beco surge a orquídea.
Há algo aqui que faz lembrar o poema "Elefante", também no mesmo volume. Da mesma forma como Drummond fabrica seu brinquedo, mandando-o para o mundo, de onde retorna destruído (mas no dia seguinte o esforço se repete), o eu-lírico de "A Flor e a Náusea" sobrevive em seu cotidiano nulo e nauseante e o áporo perfura a terra. É a temática do "no entanto, continuamos e devemos continuar vivendo", tão comum em vários momentos de A Rosa do Povo.
"Áporo", portanto, é um poema tão rico que pode ter outras leituras, além dessa de teor existencial. Há também, por exemplo, a interpretação política, que enxerga uma referência a Luís Carlos Prestes ("presto se desata"), que acabara de ser libertado pelo regime ditatorial. A figura histórica pode ser vista, portanto, como um áporo buscando caminho na pátria sem saída que se tornou o Brasil na Era Vargas.

Ainda assim, existe quem veja no texto um mero - e inigualável - exercício lúdico, em que as palavras são contempladas, manipuladas, transformadas. Basta lembrar, por exemplo, que "áporo", além de ser a designação do inseto cavador, é também um termo usado em filosofia e matemática para uma situação, um problema sem solução, sem saída. Além disso, a essência etimológica da palavra inseto é justamente as letras "s" e "e", diluídas no corpo do texto. 

Observe como tal pode ser esquematizado:

Um inSEto cava
cava SEm alarme
perfurando a terra
SEm achar EScape.
Que faZEr, ExauSto,
Em paíS bloqueado,
enlaCE de noite
raiZ E minério?
EiS que o labirinto
(oh razão, miStÉrio)
prESto SE dESata:
em verdE, Sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-SE.



Note que a essência do áporo, do inseto, vai se movimentando em todo o poema, transformando-se, até o ápice do último verso da terceira estrofe. É o momento da transformação e da iniciação, já anunciadas na segunda estrofe na aliteração do /s/ e do /t/ e da assonância do /e/ que acabam criando a forma verbal "encete" (ENlaCE de noiTE), que significa principiar, mas que possui também uma forte aproximação sonora com "inseto". A mutação final virá no último verso: o áporo inseto se transforma em áporo orquídea ("áporo" é também o nome de um determinado tipo de orquídea), a flor que se desabrocha para a libertação.

Tanto que a raiz SE está prestes a se libertar, pois virou a forma pronominal "se" (e, portanto, com relativa vida própria) que encerra o poema. Tal trabalho com a linguagem é a base de todo texto poético, como é defendido pelo próprio Drummond em "Procura da Poesia", transcrito abaixo:


PROCURA DA POESIA

Não faça versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é a música ouvida de passagem; rumor do mar nas ruas junto à linha de
espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a 
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara: 
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.



Esse antológico poema é dividido em duas partes. Na primeira apresentam-se proibições sobre o que não deve ser a preocupação de quem estiver pretendendo fazer poesia. Sua matéria-prima, de acordo com o raciocínio exibido, não são as emoções, a memória, o meio social, o corpo. 

Na segunda parte explica-se qual é a essência da poesia: o trabalho com a linguagem. O poema pode até apresentar temática social, existencial, laudatória, emotiva, mas tem de, acima de tudo, dar atenção à elaboração do texto, ou seja, saber lidar com a função poética da linguagem.

A riqueza de A Rosa do Povo não se restringe, porém, às temáticas abordadas. Há uma profusão de outros assuntos, como a abordagem da cidade natal ("Nova Canção do Exílio", em que há uma reinterpretação do "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias), a observação do problemático cotidiano social ("Morte do Leiteiro", em que o protagonista, que dá nome ao poema, acaba sendo assassinado em pleno exercício de sua função por ser confundido com um ladrão, o que possibilita uma crítica às relações sociais esgarçadas pelo medo), a rememoração dos parentes
("Retrato de Família", em que o eu-lírico percebe a viagem através da carne e do tempo de uma constante eterna ligada à idéia de família) e o amor como experiência difícil, o famoso amar amaro ("Caso de Vestido", em que o eu-lírico, uma mulher, narra o sofrimento por que passou quando da perda do seu marido e quando também da recuperação dele).
Em suma, Rosa do Povo é obra monumental que merece não apenas ser lida para um vestibular, mas fruída para se tornar uma das grandes experiências de nossa existência.




MAIS ANÁLISES


Valendo-nos de óbvia simplificação didática, podemos dividir os poemas de A rosa do povo em sete áreas temática. É claro que, dada à complexidade dos versos drummondianos, muitos desses poemas podem ser enquadrados em mais de um núcleo de assunto. No entanto, a divisão abaixo corresponde a um esquema estabelecido pelo próprio escritor em sua Antologia poética:
- a poesia social;
- a reflexão existencial (o Eu e o Mundo);
- a poesia sobre a própria poesia;
- o passado;
- o amor;
- o cotidiano;
- a celebração dos amigos;
3ª etapa: paráfrase e hipótese interpretativa 

- Leia o poema
O Elefante . Se tiver acesso à Internet, é possível escutar o ator Paulo Autran recitando esse poema em http://www.youtube.com/watch?v=7gSbRxnQHMc

O ELEFANTE

Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.

Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.

Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.

Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos,
esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.

E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.

O Elefante, de Carlos Drummond de Andrade, é um poema que não aceita uma leitura literal. Todos os seus versos devem ser lidos no sentido figurado, como um conjunto de metáforas que compõe uma alegoria (para saber mais sobre alegoria, consulte a aula sobre o romance A Sombra dos reis barbudos", de José J. Veiga).
O elefante parece figurar algo como um sentido do que é humano, ou o próprio fazer poético.


4ª etapa: análise


1. Fabrico um elefante
2. de meus poucos recursos.
3. Um tanto de madeira
4. tirado a velhos móveis
5. talvez lhe dê apoio.
6. E o encho de algodão,
7. de paina, de doçura.
8. A cola vai fixar
9. suas orelhas pensas.
10. A tromba se enovela,
11. é a parte mais feliz
12. de sua arquitetura.
13. Mas há também as presas,
14. dessa matéria pura
15. que não sei figurar.
16. Tão alva essa riqueza
17. a espojar-se nos circos
18. sem perda ou corrupção.
19. E há por fim os olhos,
20. onde se deposita
21. a parte do elefante
22. mais fluida e permanente,
23. alheia a toda fraude.


Na primeira estrofe do poema, o Eu lírico fabrica e apresenta o seu elefante. Note que a palavra fabrico coloca o elefante no campo dos artefatos, que são objetos necessariamente culturais e evidenciam a atividade propriamente humana.
O elefante, que o Eu lírico fabrica é construído com poucos recursos. Ele é pobre, simples, e confeccionado com uma mistura de madeira velha, algodão, paina e doçura. Repare que, nos versos 6 e 7, o poema usa, sem hierarquia, substantivos concretos e abstratos para descrever do que é feito o elefante. Tal uso induz o leitor a ler esses versos no sentido figurado, sentido que contamina os versos anteriores e começa a delinear o elefante como alegoria. Sendo assim,
algodão e paina, associados à doçura, sugerem maciez e calor. Mais ainda, maciez, calor e doçura aludem, em conjunto, à ideia de aconchego, delicadeza e leveza.
Além disso, ele porta a ideia de pureza, enfatizada nos versos 13 a 18. Suas prezas constituem uma riqueza alva, feita de matéria pura que não se corrompe nem mesmo quando se espoja nos circos. O elefante é um ser contraditório, o que está figurado por uma antítese (v.22): ele tem nos olhos sua parte mais fluida e permanente.
Considerando o conjunto de metáforas que figuram o elefante na 1ª estrofe, podemos dizer que ele é um produto da atividade humana, um tanto precário mas de uma essência imaterial que não se corrompe.
Após essas colocações, pergunte aos alunos em que tempo estão os verbos dessa primeira estrofe. Peça que formulem hipóteses sobre a função do presente do indicativo nesse texto (O presente do indicativo denota uma ação pontual, rotineira ou habitual. Por enquanto não é possível saber de que tipo de ação se trata, mas tal elemento será importante ao final da análise).

5ª etapa: análise



1. Eis o meu pobre elefante
2. pronto para sair
3. à procura de amigos
4. num mundo enfastiado
5. que já não crê nos bichos
6. e duvida das coisas.
7. Ei-lo, massa imponente
8. e frágil, que se abana
9. e move lentamente
10. a pele costurada
11. onde há flores de pano
12. e nuvens, alusões
13. a um mundo mais poético
14. onde o amor reagrupa
15. as formas naturais.


Na segunda estrofe o elefante está pronto para sair à procura de amigos. Porém, o que encontra é um mundo enfastiado que já não crê nos bichos e duvida das coisas. Note que bichos e coisas aparecem hierarquizados nos versos 5 e 6. Lembremos que elefante está sendo lido como alegoria, isso é, um conjunto de metáforas que ganha um sentido maior. Vimos na 1ª estrofe que o elefante do poema que traz consigo as ideias de delicadeza, leveza e pureza. Considerando que ele é também um bicho, podemos pensar que não crer nos bichos poderia significar não acreditar nos produtos mais puros e delicados da indústria humana.
Esse mundo que já não crê nos bichos, às coisas ainda concede o benefício da dúvida. Assim, mantendo sempre a leitura alegórica, podemos pensar no mundo moderno: um mundo desiludido onde já não há espaço para o mais puro e frágil do humano, mas há espaço para algum sentido nas coisas, nos objetos. É um mundo reificado onde o mundo mais poético não encontra interlocutores.(Para saber mais sobre reificação ou coisificação, veja a sequência sobre Crônicas de Luís Fernando Veríssimo). 
Lendo alegoricamente os versos 7 a 15, podemos pensar no elefante como o fazer poético, ou artístico, procurando pelo mundo reificado quem o receba e escute.
6ª etapa: análise



1. Vai o meu elefante
2. pela rua povoada,
3. mas não o querem ver
4. nem mesmo para rir
5. da cauda que ameaça
6. deixá-lo ir sozinho.
7. É todo graça, embora
8. as pernas não ajudem
9. e seu ventre balofo
10. se arrisque a desabar
11. ao mais leve empurrão.
12. Mostra com elegância
13. sua mínima vida,
14. e não há cidade
15. alma que se disponha
16. a recolher em si
17. desse corpo sensível
18. a fugitiva imagem,
19. o passo desastrado
20. mas faminto e tocante.


Na terceira estrofe, o delicado fazer poético confronta um mundo onde já não há lugar para a poesia. O elefante percorre a rua povoada sem ser visto. Ele é vivo e gracioso, embora de estrutura precária e ruinosa. Mas ninguém se deixa tocar pela arte nesse mundo reificado.
Leia terceiro poema do livro, A flor e a náusea, e observe como o tema da poesia sem lugar (agora na figura da flor que brota no asfalto) é recorrente na poética drummondiana.

7ª etapa: análise

1. Mas faminto de seres
2. e situações patéticas,
3. de encontros ao luar
4. no mais profundo oceano,
5. sob a raiz das árvores
6. ou no seio das conchas,
7. de luzes que não cegam
8. e brilham através
9. dos troncos mais espessos,
10. esse passo que vai
11. sem esmagar as plantas
12. no campo de batalha,
13. à procura de sítios,
14. segredos, episódios
15. não contados em livro,
16. de que apenas o vento,
17. as folhas, a formiga
18. reconhecem o talhe,
19. mas que os homens ignoram,
20. pois só ousam mostrar-se
21. sob a paz das cortinas
22. à pálpebra cerrada.



Na quarta estrofe, o Eu lírico nos conta o que seu elefante precisa para existir: seres e situações patéticas, encontros ao luar no mais profundo oceano, sítios, segredos, episódios não contados em livro, de que apenas o vento, as folhas, a formiga reconhecem o talhe, mas que os homens ignoram.
Seguindo a linha do raciocínio alegórico, podemos ler os versos 1 e 2 como a busca do pathos. O pathos, para os antigos, é o estado em que o humano perde o controle sobre si mesmo, em que a razão perde forças dando lugar a experiências que evocam turbulência, simpatia ou compaixão. Em arte, o patético apela às emoções do leitor, convocando-o a sentir  junto com o artista o que ele tenta figurar em sua obra.
O elefante ou, alegoricamente, o fazer poético, busca pelo pathos entre homens que, reificados, já não podem olhar para acontecimentos miúdos e delicados (versos 16 a 18), pois já não se reconhecem no humano. Reconhecem-se apenas vestidos pelas designações sociais (versos 20 a 22).
Retome, por fim, a última estrofe.
1. E já tarde da noite
2. volta meu elefante,
3. mas volta fatigado,
4. as patas vacilantes
5. se desmancham no pó.
6. Ele não encontrou
7. o de que carecia,
8. o de que carecemos,
9. eu e meu elefante,
10. em que amo disfarçar-me.
11. Exausto de pesquisa,
12. caiu-lhe o vasto engenho
13. como simples papel.
14. A cola se dissolve
15. e todo o seu conteúdo
16. de perdão, de carícia,
17. de pluma, de algodão,
18. jorra sobre o tapete,
19. qual mito desmontado.
20. Amanhã recomeço.

Note que, no verso 6 o verbo aparece pela primeira vez no pretérito perfeito (encontrou). Aqui se revela o sentido dos verbos anteriores, no presente do indicativo. O fabrico do elefante e sua busca pelo mundo não são ações pontuais, mas habituais. O Eu lírico, finalmente identificado com o seu elefante, sai diariamente ao mundo à procura de lugar para o que é essencialmente humano, para o fazer poético e seu elefante se desfaz ao fim do dia sem ter encontrado o que precisava (versos 1 a 10).
Depois de ler o poema todo em chave alegórica (o que é apenas uma possibilidade de leitura, nunca a Verdade sobre o poema), podemos interpretá-lo:
O elefante, compõe uma alegoria da impossibilidade do fazer poético e do que é essencialmente humano em um mundo reificado. Há uma luta diária do Eu lírico para não embrutecer neste mundo, mas uma luta que já não encontra eco nos outros homens, já sucumbidos à ordem reificada do mundo moderno. No entanto, o artista não perde a esperança de oferecer ao mundo o seu objeto tão delicado quanto indesejável: amanhã recomeço.